O que vale mais: o brinquedo ou a brincadeira?

Se você é mãe ou pai já deve ter ficado desesperado em datas festivas como o Dia das Crianças correndo atrás de um brinquedo específico para seus filhos. Pois o desejo da vez foi um pião que a molecada – meninos e meninas, a mania é unissex – usa para reproduzir batalhas que acontecem entre os personagens de uma série de TV e os jogos têm aquelas milhares de complicações de poderes especiais que as crianças sabem de cor. Para quem não sabe, como eu não sabia, o brinquedo é uma versão high tech de um pião japonês chamado Beigoma. Até aí, mais um exemplo de produto associado a personagens infantis que vendem como água. Esse, sumiu das prateleiras. 

O que me assustou foi quando soube o preço. A mãe de um amiguinho da escola do meu filho contou que a avó conseguiu achar brinquedo por milagre a R$ 70! Um pião! Não é mais do que isso. A não ser aqueles que podem ser controlados por controle remoto, o que não era o caso. Eu que mal sabia da existência dele, quase caí pra trás! Acredito que o desenho passe na tv a cabo, então o meu filho ainda não foi totalmente infectado pelo vírus do brinquedo, apenas tem vontade de participar da brincadeira por ver os amigos. 

E para me dar ainda mais certeza que é uma valor muito alto para o brinquedo, hoje eu havia recebido um kit de uma agência que achei interessantíssimo pois, além do produto do cliente, continha diversos brinquedo das antigas: bilboque, pega vareta, aquela vaquinha articulada que todo mundo já teve quando era pequeno, cinco marias, um apito de madeira que faz um som super engraçado de pato rouco e, finalmente, mas não menos importante, aquele pião sonoro que todo mundo tá cansado de conhecer. 

Pois meu filho chegou da escola, abriu o kit e ficamos brincando horas com cada uma das coisas, principalmente as 5 marias e o pião, que ele curtiu muito, inventou mil brincadeiras com ele e já adotou como seu “pião de batalha”. Disse que vai levar pra escola no próximo dia do brinquedo. Duvido muito que as outras crianças aceitem. Mas acho importante que ele tenha essa experiência até para saber como ele vai lidar com isso e para que eu possa tentar orientá-lo. 

Essa situação ter acontecido logo depois da minha participação no evento organizado pelo pessoal do Projeto Criança e Consumo deixou ainda mais evidente uma coisa que sempre questionei: os valores excessivos de certos produtos simplesmente pela marca, principalmente em se tratando de produtos com personagens infantis. 

Que fique claro que isso não é nada contra o brinquedo, a empresa ou o desenho animado. Meu filho adora desenhos e eu também. Minha veia designer é chegada a se apaixonar por personagens. Já contra o preço, sim. Também, nada contra quem tem dinheiro sobrando e quer gastar com o que der na telha. Direito de cada um. Mas essa valorização e bombardeio sobre as crianças me preocupa bastante. Penso nos pais e mães com orçamento mensal apertado tendo que dar um jeito de realizar o desejo dos filhos – eles querem uma coisa a cada anúncio da TV – ou aguentar a pressão dos pedidos intermináveis das crianças. Uma questão de valores e de prioridades. 

Será que meu filho precisa mesmo de brinquedo tão caro? Hoje tive a certeza que não!